Início de tudo...


By Cathy Scarlet





Fiquei pensando em qual poderia ser um tema bacana para uma primeira postagem... Não sou boa em "primeiras coisas", acho que é um defeito meu, sei lá. Antes de mais nada, tenho que frisar por que escolhi como nome do meu blog "Elopement & Ascension". Os conhecedores de inglês, num primeiro momento, podem achar que o intuito é falar de romance e coisas melosas, já que o sentido comum do verbo "to elope" é fugir para contrair matrimônio, coisa muito comum em séculos passados por conta dos casamentos arranjados e tal, mas... Um outro sentido da palavra "elopement" (sim, eu pesquisei, porque também fiquei confusa quanto ao nome do blog) é justamente fugir e não voltar ao ponto de origem. Mas, não pensem em meu objetivo como uma fuga da realidade (até porque as pessoas vivem fugindo das outras e delas mesmas), mas trata-se, precisamente, de um espaço para compartilhar, refletir e não mais ser aquilo que fomos antes de encontrarmos algum ponto de análise sobre nós mesmos, nossas atitudes ou sobre como é o mundo ao nosso redor, como reagimos e somos afetados pelo que acontece. E é aí que entra a parte do "ascension", que nada mais é do que alcançar um nível maior, elevado, um grau de análise, entendimento, compreensão e crescimento que não seja apenas intelectual, mas que transcenda a isso na medida em que começarmos a ponderar sobre nossos próprios atos e a modificá-los.

É, geralmente eu falo demais... Coisa de professora! Entretanto, queria deixar claro o porquê do nome, para que não fiquemos perdidos (até mesmo eu!) na intenção deste espaço, que será um cantinho para reflexões, discussões (pode ser comigo mesma porque não sei se alguém vai ler isso, algum dia a ponto de querer compartilhar essas ideias ou discuti-las de modo enriquecedor/ agregador, então, num primeiro momento, me considerarei bem egocêntrica!).

Bom, depois dessa introdução toda, quero prosseguir com esse primeiro post para falar um pouco sobre algo que acho necessário, dando um gancho para o objetivo a que me propus com a criação desse ambiente.

Após esses quase quatro anos trabalhando como professora, tenho me deparado com uma realidade que me assusta muito com relação aos meus alunos: a alienação. Alienar-se é fugir também, mas não como o fugir que existe, em essência, na minha proposta, já mencionada anteriormente. Quem se aliena foge da realidade e se volta para si mesmo, como se nada mais importasse, como se o mundo não existisse ou não estivesse o caos que está. Ou seja, o ser se separa, se afasta do mundo e "cria" o seu próprio. Seria uma questão bem interessante a se debater e bem longa, dependendo da contribuição do público, contudo o propósito de trazer isso à tona é justamente corroborar minha premissa, que nasceu com o nome do blog.

Desde pequena, eu costumava ter certas atitudes de adulta: pensava no que queria ser, me comportava na escola e tinha um medo tremendo de meus pais serem convocados por quaisquer reclamações (nunca tive uma), queria mudar e afetar o mundo de uma forma positiva e única que me fizessem ser lembrada e querida pelas pessoas, pelos meus próprios méritos, queria ser uma escritora (ainda quero, tenho até alguns projetos em andamento e, outros já lançados), já que sempre adorei ler e escrever. Lia de tudo e não me deixava chocar por leituras de vocabulário mais denso ou com imagens mais perturbadoras (sexo, morte, abandono, etc), pois nunca tive uma mentalidade infantil (por mais que, em outras áreas, seja mais retraída ou contida, mas não vem ao caso agora). Sempre tive bem claros os limites de comportamento dentro de determinados ambientes ou instituições, nunca levei bronca, nunca desrespeitei ninguém de forma alguma (hoje, adulta, não deu pra fugir disso...😂). Alguns dizem que é a criação. Concordo, no meu caso. Meus pais sempre se preocuparam em me educar para que fosse alguém no mundo com as portas se abrindo para mim, sem deixar de olhar para as pessoas ao meu redor. E sou muito grata por tudo que eles fizeram e fazem, até mesmo por quem eu sou hoje. Não digo que sou perfeita, mas procuro ser alguém que possa dormir de consciência tranquila e que, um dia, possa ser exemplo para as mini-Cats (minha futura prole de dominadoras do mundo - egocentrismo ao máximo, eu sei) e inspiração para outras pessoas. No fundo, antes da realidade me acertar na cara com uma master voadora, queria poder mudar de modo positivamente significativo o mundo de cada um dos meus alunos que, consequentemente, acabariam afetando todos ao redor deles, também de maneira positiva. Um efeito em cadeia, eu diria.

Voltando ao cerne da coisa... O fato é: sempre soube aonde queria ir e ter certa independência. Meta, propósito e incentivo. Tinha os três e muito mais que me ajudaram a chegar onde estou e a ser quem sou. Porém, sai ano, entra ano e vejo crianças/ pré-adolescentes/ adolescentes/ jovens/ adultos (alguns alunos meus do supletivo/ EJA também entram nisso) perdidos. Sem rumo. Largados na vida. Engolfados pelo viés que os segue. Se afogando no mar da própria incompreensão das habilidades e capacidades que possuem. Aceitando pouco, sendo que podem ter e ser mais do que imaginam. Acomodados na aceitação, no ócio e na má vontade de aprender, conhecer e compreender o mundo que os cerca. 

Tenho medo disso.

Apesar de me irritar constantemente com meus alunos (falam demais e escutam de menos), tenho um grande carinho por todos e me preocupo com o que será deles num mundo que não os abraçará nem será compreensivo com seus medos, suas limitações, seus defeitos e escolhas... Acho que nem deveria me preocupar. Não são nada meus. Poucos vão se lembrar de mim ou querer saber como estou, depois do final do ano letivo (nem durante o ano querem saber dos professores...). Não deveria mesmo,  porém não consigo. Mesmo quando forem embora, sempre vão levar algo de mim consigo: uma bronca, uma preocupação, uma mini-discussão,  uma palavra de carinho, uma saudade. Não tenho como ser indiferente. Às vezes mais finjo ser indiferente do que realmente assumir tal postura. Não dá, não comigo.

Além de tê-los em mente, pensei naquelas pessoas que também querem ler algo com o que possam de identificar, que as faça pensar e compreender realidades diferentes das suas. Palavras movem montanhas ("pelamor", é uma metáfora!), então, se alguém um dia ler as coisas que publicarei aqui, que minhas palavras sejam motivo de reflexão, análise, seja uma sugestão de leitura ou filme que as façam entender a magnitude do mundo e da vida, enfim, que sejam uma contribuição significativa em um mundo que está perdendo o significado belo que deveria possuir de mais grandioso e eloquente.

Em outras palavras, minha intenção é que, mesmo daqui 100 anos ou milênios, alguém leia o conteúdo daqui e não fique querendo saber quem foi a louca dona do blog, porém que queira entender de qual maneira a realidade dela (eu) serviu para transmitir seus pensamentos, comentários, análises, de modo a atingir algo maior do que ela mesma. O objetivo desse espaço, portanto, vai sempre se modificar de acordo com o olhar de quem nele se perder por breves momentos.













XOXO

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