Não olhe para cima (2021) - Filme

 



FICHA TÉCNICA:

Filme: Não olhe para cima (Don't look up)
Diretor: Adam McKay
Ano: 2021
Duração: 138 minutos
País: Estados Unidos
Gênero: Comédia satírica científica

Nota: 10


Para quem achava que terminaríamos o ano sem resenha nova, enganou-se redondamente! Eis-me aqui para alegrá-los imensamente e ajudá-los a finalizar esse ano de 2021 com algo incrivelmente interessante para nos levar à reflexão e atingir a mais alta essência espiritual possível e... Ok, menos, me empolguei! 😂

Mas, vamos ao que interessa: vamos falar um pouco deste filme da Netflix que tem chamado bastante a atenção nos últimos dias e, quem assistiu, conseguiu fazer a relação com o que temos vivenciado nos últimos dois anos de uma maneira bem intensa. Dirigido por Adam McKay, produtor de filmes e comediante americano, o enredo nos chama a atenção não apenas por nomes já conhecidos do público como Leonardo Dicaprio (Titanic), Jennifer Lawrence (Passageiros), Cate Blanchett (Thor: Ragnarok), Meryl Streep (O diabo veste Prada), Tyler Perry (O limite da traição), entre outros, como também pela temática da qual trata com o tom irônico e sarcástico, típicos de um filme de comédia, que satiriza o fim do mundo.

No filme, a astrônoma doutoranda Kate Dibiasky, da universidade de Michigan, descobre um cometa (que acaba sendo batizado com seu nome) e, junto do Doutor Randall Mindy calculam a rota iminente de colisão com a Terra em poucos meses, levando-os a correr para buscar auxílio na empreitada de salvar o planeta. Une-se a eles o doutor Teddy Oglethorpe, do escritório de Coordenação de Defesa Planetária. Os três vão até a Casa Branca para falar com a presidente dos Estados Unidos, Janie Orlean, encontrando apenas apatia e indiferença dela como do filho, chefe de Estado, Jason Orlean. 



Desesperados, buscam ajuda da mídia e acabam indo parar num programa matatutino de talk show, apresentado por Brie Evantee e Jack Bremmer, onde Kate acaba surtando, levando a um rompimento com o namorado e a virar um meme cômico. Já Randall vira uma espécie de cientista gostosão e têm sua importância aumentada (talvez por parecer mais maleável e inseguro, mais manipulável. E, convenhamos dizer, por ele ser homem!), o que sobe à sua cabeça, levando-o a se envolver com Brie mesmo sendo casado e acaba fraquejando em decisões e posicionamentos importantes diante do cometa Dibiasky



Desacreditada e desesperançosa, Kate é obrigada a abandonar a missão e a não mais se envolver no assunto, que passa a assumir proporções a alavancar a campanha política de Orlean e a enriquecer os empresários, como Peter Isherwell, pouco preocupado em destruir aquele que leva trilhões em recursos para sua empresa de tecnologia. Aos poucos, ambos cientistas se dão conta de que suas vozes não serão ouvidas diante da necessidade econômica e política iminentes e decidem por assumir uma posição mais passiva e resignada com a proximidade do fim da humanidade, percebendo que passar os últimos momentos com a família e amigos era o que faria a diferença, no final das contas.




Do começo ao fim, nos vemos diante de cenas que seriam engraçadas, mas que assumem uma dimensão maior se entendermos a crítica que o filme trás às autoridades e empresários que colocam vidas em risco para atingirem seus propósitos egoístas e ambiciosos de poder, enriquecimento, subestimando ciência e aqueles que detêm o conhecimento de causa (pesquisa) nas mãos. Papel da mulher subestimado, governantes insensíveis e debochados, sociedade vivendo entre desacreditar e ter medo,  dinheiro falando mais alto que a possibilidade de salvar bilhões... Não, não temos isso apenas no filme em questão! Vivemos dois anos em plena pandemia com governos negacionistas e decisões econômicas e empresariais sendo mais importantes do que as vidas perdidas e em risco, portanto, conseguimos assistir a essa obra cinematográfica com uma racionalidade de causa e a compreender como as decisões que giram em torno do capital e de status políticos dominam as manchetes e as mobilizações (ou falta delas) de políticos e pessoas com dinheiro. Nos tornamos reféns em uma sociedade onde o certo não tem voz e, a ignorância e a futilidade ganham cada vez mais espaço em nossos lares e mentes (acho que é ainda pior quando dominam as mentes das pessoas, pois as impele ao não pensar, ao não ver o que as cerca ou a não reagir criticamente às informações recebidas). 

Estivemos (e ainda estamos) em momentos em que quem passa anos estudando e se especializando em algo tem sua fala colocada em dúvida diante de leigos que mal sabem os jargões técnicos ou as tecnicidades inerentes a determindas áreas do conhecimento e da ciência, enquanto parecemos estar entre polaridades políticas que não deveriam ter tido o espaço que tiveram em momentos delicados e cruciais. 

Recomendo o filme para que consigam perceber as sutilezas apresentadas de modo satírico (o que suaviza um pouco o assunto) e reflitam como é importante saber eleger políticos sérios e comprometidos com a vida. Não adianta mais ficar em cima do muro ou fazer voto de protesto (protesto de que, se o cara vai ganhar dinheiro sem estar preparado para o cargo que ocupará? Se passará, no mínimo, quatro anos sendo mais a um a ser mantido pelo dinheiro público e a não lutar por melhorias das condições de vida da população? Entendam: NÃO HÁ VOTO DE PROTESTO, HÁ VOTO IRRESPONSÁVEL!), pois quem arca com as consequências de políticos ruins somos nós mesmos. Não queremos uma Janie Orlean! Também recomendo para quem quiser fazer uma análise ainda mais detalhada, pois tem pano para manga, como nos nomes das personagens, que retomam a postura crítica e debochada da trama, o enfoque da câmera em determinados detalhes (como o olhar da personagem da Meryl Streep para a bota da Jennifer Lawrence, referência clara à sua personagem de O diabo veste Prada) e as críticas para outras questões também bacanas de serem pontuadas num momento de apocalipse. É um filme que vale o tempo e não deixa a desejar. 









XOXO





REFERÊNCIAS DAS IMAGENS

https://gizmodo.uol.com.br/nao-olhe-para-cima-satiriza-negacionismo-cientifico-de-bolsonaro/
https://www.planocritico.com/critica-nao-olhe-para-cima/
https://www.em.com.br/app/noticia/diversidade/2021/12/30/noticia-diversidade,1334322/nao-olhe-para-cima-e-a-invalidacao-da-mulher.shtml
https://jornaldebrasilia.com.br/entretenimento/filme-nao-olhe-para-cima-da-netflix-ganha-primeiro-trailer/

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