Charlie e a Fantástica Fábrica de Chocolate (Teatro)
By Cathy Scarlet
FICHA TÉCNICA
Peça: Charlie e a Fantástica Fábrica de Chocolate
Direção Geral: John Stefaniuk
Direção musical: Daniel Rocha
Ano: 2021
País: Brasil
Duração: 2h30min
Teatro: Renault
Quem nunca se perdeu na magia dos filmes de A Fantástica Fábrica de Chocolate? O primeiro filme de 1971 e, o segundo, de 2005, com Gene Wilder e Johnny Depp no papel principal de Willy Wonka, respectivamente, foram baseados na obra infantil Charlie and the chocolate factory do escritor inglês Roald Dahl (1916-1990), escrito em 1964. Continuamente fascinando crianças a adultos, agora nos deparamos com a peça teatral de produção brasileira, exercendo o mesmo poder sobre nós em pleno século XXI. E é justamente dela que falarei a seguir.
Vou começar a sinopse da história com uma frase do personagem do Wonka que marcou bastante:
O segredo é crer para ver.
A fábrica de chocolates do Willy Wonka está fechada há anos e sua figura é motivo de curiosidade, uma vez que ninguém sabe muito a seu respeito nem parecem dar muita importância. Porém, um garotinho está muito curioso sobre o doceiro: Charlie Bucket, de família humilde, cujos avós não saem da cama há anos, órfão de pai. Sua mãe, uma lavadeira, ganha pouco para sustentar a família. Mesmo diante das dificuldades, o menino é um sonhador que não esconde o fascínio pelo mundo dos chocolates e pela fábrica fechada às sete chaves. Eis que um dia, surge a oportunidade: cinco crianças que acharem o cupom dourado estariam convidadas a conhecer o paraíso oculto do doceiro mais misterioso do mundo.
Pobre, as esperanças de Charlie são ínfimas. E quatro dos bilhetes saem: o primeiro, para Augustus Gloop; o segundo, Veruca Salt; o terceiro, Violet Beauregard; o quarto, Mike Teevee. Quando tudo parecia perdido, uma "ajudinha" vem a calhar: ao achar um dólar no chão, o pequeno protagonista vai logo comprar um chocolate Wonka. Ao ver o bilhete, vai correndo para casa e conta à família, animando o vovô Joe a acompanhá-lo na visita.
Ao chegarem à fábrica, as cinco crianças (e seus pais e avô) se deparam com muitas situações inusitadas, recheadas de aprendizados importantes, como não ser guloso, não ser arrogante, não ser mimado, não ser malcriado e não ser desobediente. Além de, claro, mostrar que o contrário de tudo isso acaba trazendo a recompensa no final. Vencedor, Charlie acaba encantando o próprio Willy Wonka, tendo encontrado uma mente tão imaginativa quanto a sua, o que me faz retornar à frase:
O segredo é crer para ver.
Provando que para se sonhar tem de ter imaginação, aquele elemetozinho que faz parte de nós. Uma mente que não sonha, fecha-se, trancafia-se em si mesma e impossibilita o abrir-se ao mundo, ao novo e aos sentimentos que nos conectam uns com os outros e com nossos próprios anseios e perspectivas futuras. Imaginativo, Charlie sonhava com doces e desejava fazer parte desse universo. Preocupava sua mãe, que não enxergava essa atitude como algo positivo; porém sonhar não é deixar de ter os pés no chão: é ambicionar alcançar outros ares, de diversas forma e arriscando as possibilidades mil a surgirem a cada novo vislumbre de novidades infindáveis. Às vezes, não conseguimos confiar em nós mesmos, pois nossa capacidade de sonhar, imaginar, esperar permanece deixada de lado. E se fizéssemos diferente: e se confiássemos mais? Será que veríamos as coisas com outros olhos? Ou será que as possibilidades diante de nós seriam diferentes? São questionamentos que deixo para vocês, meus caros leitores.
E quanto à peça? Bora retornar para o nosso objeto cultural em análise.
Adiada por conta da pandemia (tanto que podemos perceber que alguns atores foram substituídos ou cresceram, pela imagem inicial), a peça retornou em 2021 com sessões até 19 de dezembro. Produzida totalmente no Brasil pelo diretor canadense John Stefaniuk, ainda contou com atores incríveis que nos arrebataram, como Cleto Baccic (Willy Wonka), extremamente carísmático e encantador como o doceiro mais famoso do mundo. O ator tem uma presença de palco que tira o fôlego desde os primeiros minutos, mas sem ofuscar as demais personagens, cada qual proporcionando atuações que nos surpreenderam e, algumas, nos causaram risadas gostosas ou nos enterneceram nossos coraçõeszinhos frágeis e sensíveis (como o da mãe de Charlie, Srª Bucket, lembrando do marido, já falecido). Abaixo, alguns registros dos atores em cena.
Não podemos esquecer da fofura dos oompa loompas, originários da região amazônica, muito bem elaborados como marionetes. Além de incríveis atuações, incluindo as dos atores mirins, adoráveis e expressivos em seus papéis, ainda contamos com a orquestra, que manejou com maestria a parte sonora, aumentando nosso deslumbramento ao nos relembrar das trilhas tão bem conhecidas pelo público cativo. A sincronía com os movimentos do palco também se mostraram incorrigíveis.
E, certamente, não podemos nos esquecer do cenário. Desde o começo, as engrenangens girando causaram um impacto pela delicadeza nos mínimos detalhes: desde as portas que surgiam até os cenários dentro do cenário. Tudo de extremo bom gosto. Lógico que, dependendo o assento adquirido, não dava para ver tudo com riqueza de precisão, porém não tira o brilho da realização, digna de ser comparada a produções da Broadway. Afinal, quem pode negar que as cenas com o elevador de vidro foram phodásticas? Lembrando que com o PH fica chique e formal.
Aos que se sentirem compelidos a assistir, recomendo tremendamente, pois vale muito a pena. Até eu queria poder assistir novamente! Só deem um look nos poucos registros fotográficos que consegui fazer e vejam o que estão perdendo (não, não tenho maestria. Minhas fotos saíram bem leigas mesmo!). Livre para todas as idades, a peça revive as emoções de uma obra que permanece intacta em nossas memórias há décadas, eternizando-a e as suas lições em nossos corações numa produção que a atualiza sem tirar sua essência e seu poder de nos fazer "crer para ver".
XOXO
REFERÊNCIAS
https://www.teatroalfa.com.br/espetaculo/charlie-e-fantastica-fabrica-de-chocolate/ (LISTA DO ELENCO)
REFERÊNCIA DE IMAGENS:
https://www.aberje.com.br/musical-charlie-e-a-fantastica-fabrica-de-chocolates-estreia-em-setembro-com-patrocinio-da-brasilprev/ (inicial)
https://portalpepper.com.br/musical-charlie-e-a-fantastica-fabrica-de-chocolate-estreia-no-teatro-renault-com-cenario-gigante-e-efeitos-especiais/ (elevador de vidro)
https://www.acritica.net/editorias/cultura/charlie-e-a-fantastica-fabrica-de-chocolate-e-uma-fantasia-musical/549211/ (oompa loompas)
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