A cozinheira de Castamar (2021) - Minissérie
By Cathy Scarlet
FICHA TÉCNICA:
Série: A cozinheira de Castamar (La cocinera de Castamar)
Criadora: Tatiana Rodríguez
Ano: 2021
Duração: 12 episódios
País: Espanha
Gênero: Drama
Nota: 9
As séries de época sempre acabam chamando, particularmente, a minha atenção, portanto, quando vi A Cozinheira de Castamar na Netflix, numa das minhas constantes peregrinações nervosas, pensei: por que não, não é mesmo? E, em dois dias, terminei de assistir a esta trama, adaptada do romance de Fernando J. Muñez e já me programei para contar a vocês a experiência.
A história é ambientada na propriedade (na verdade, castelo) Castamar, em Madrid, no período de 1720, durante o reinado do rei Felipe V. Logo nos primeiros minutos nos vemos diante do Duque Diego de Castamar (um dos protagonistas) e sua primeira esposa Alba, que acaba falecendo num drástico acidente com o cavalo que cavalgava, após contar ao marido sobre a gravidez. Devastado, Diego passada quase dois anos imerso na dor e recusando-se a reassumir seu papel na corte espanhola, ao que é praticamente forçado pelo rei, que exige uma festa para marcar o retorno de seu homem de confiança. Neste interim, temos a figura do Marquês de Soto e Campomedina (Enrique de Arcona) articulando fazer o Duque casar-se com Amélia Castro, dama cuja família estava endividada após a morte do pai (por conta de mulheres e de jogo) e que havia sido iludida por outro cavalheiro anteriormente. Por pagar as dívidas da moça, o Marquês a tem em suas mãos, aproximando-a de Dona Mercedes (Duquesa de Rioseco) e instigando a mãe de Diego e Gabriel de Castamar, homem negro adotado como filho de Mercedes e do falecido marido ainda quando criança, a aproximar a jovem do filho enviuvado, ao que ela aceita de bom grado, chamando a jovem a passar uma temporada na propriedade da família.
Nesse momento de festejos, somos apresentados a outros personagens como os amigos mais próximos de Diego: Francisco Marlango (Conde de Armiño e amante de Sol Montijos, que acaba sendo considerado culpado da morte de seu marido e, ao ver que o amante sabe demais, a própria Sol dá cabo dele, mesmo tendo se apaixonado por ele) e o Barão Alfredo de Carrión.(que se envolve com um rapaz, Ignácio, correndo, ambos, o risco de serem executados por sodomia - sexo entre dois homens, de um modo geral - após ameaça de Enrique ao amante, que entrega documentos comprometedores para se ver livre de uma pendência financeira).
Nesse meio tempo inicial da trama, também somos apresentados a nossa protagonista, a mocinha determinada Clara Belmonte, uma jovem cujo pai fora morto por um crime que não cometera e, por conta do trauma desenvolve agorafobia (medo de lugares e situações que possam desencadear pânico, impotência ou constrangimento) e é indicada por um religioso para trabalhar na cozinha dos Castamar. Ao chegar, pede para falar com Melquíadas Elquiza, o mordomo, para quem tem uma carta de recomendação do mosteiro, contudo é recebida por Úrsula Berenguer, a governanta, que a coloca como assistente de cozinha. Lá, conhece sobretudo Carmen (que não sabe cozinhar, mas acaba substituindo a cozinheira-chefe, por pouco tempo) , Elisa Costa (que deseja ser chefe das governantas, no futuro), Rosalía (moça que tem problemas mentais e age como uma criança, considerando Clara como a figura materna da qual era órfã) e Beatriz (uma antagonista de leve que tem o sonho de ir para a América). Nesse cenário, após a demissão da cozinheira-chefe, Clara acaba assumindo o posto, surpreendendo os donos do castelo com suas refeições repletas de poesia e encantamento. Seduzido por sua dedicação ao que faz e pela figura, Diego se apaixona por ela, despertando a ira de seu inimigo, o Marquês, seu antigo rival pelo amor de Alba, que quer vingar-se não apenas por sua morte, mas por ter sido trocado pelo outro. Aliado de Sol Montijos, mulher gananciosa e libertina que odiara Alba em vida e que também queria que dessem cabo do marido para ser livre, acabam se unindo para convencer Amélia a conquistar Diego e, mesmo após esta engravidar de Enrique, Sol a convence de usar aquela situação a seu favor para prender o conselheiro do rei.
Uma história repleta de conflitos e situações que nos deixam ansiosos, acaba oferecendo uma perspectiva doce envolvendo o sentimento que brota entre Diego e Clara. As demais narrativas que convergem para a principal nos fazem refletir nas relações de poder, vingança, despeito e interesses que movem os personagens e os tornam complexos. Até os vilões nos são apresentados com essa complexidade que lhes dá motivação para (parte) de suas atitudes. Por exemplo, a vontade de Beatriz em ir para a América é tanta que ela arranja várias formas de obter dinheiro e, mesmo se "redimindo" não deixa nos fazer perceber que mal não pode ser apagado por completo, ficando inerente ao ser humano mesmo depois de sua partida. A ambição da personagem a fez, apenas no final, realizar uma ação que poderia ter apagado todas as más, porém, há aí um retorno não esperado àquela ambição premeditada que a moveu durante toda a trama, em seus últimos momentos. O mesmo parece ocorrer com Amélia que, de vítima de Enrique, passa a ser outra antagonista a se interpor no caminho de Clara, atormentando-a. E, mesmo após ter seu bebê salvo pela rival, não muda de atitude e prossegue com seus intentos até o final. Aliás, seu desfecho no convento é algo que ainda não ficou muito bem delineado, dando a impressão de ter sido colocado às pressas para finalizar a minissérie, no entanto, a reviravolta em sua postura a tornou uma antagonista tão ambiciosa quanto Beatriz.
A série espanhola conta com um elenco maravilhosamente coeso e, até mesmo os vilões, chamam a nossa atenção pela constância e pelas guinadas. É uma série que prende do começo ao fim, cativando e surpreendendo na mesma medida. Clara que a protagonista forte que vence até mesmo seus traumas para seguir seu coração. As cenas em que tenta dominar sua agorafobia nos prende pelo impacto fotográfico e de interpretação, representando a sensação angustiante de uma pessoa que tem de lidar com uma fobia que o aprisiona, que o atormenta ao ponto de não lhe permitir tomar uma simples atitude ou decisão cotidiana. Além disso, numa sociedade determinada pelo status social, a mocinha ousou correr atrás de seu sonho e cozinhar por amor, incentivando outros ao redor dela a vencerem os obstáculos, sem desistir dos seus objetivos. Os únicos impasses do enredo foram com relação ao desfecho de Amélia, que deu a sensação de incompletude, bem como a relação dela com Gabriel, cuja intimidade sexual soou como algo muito forçado, sendo o irmão um indivíduo correto e leal ao irmão, mesmo sabendo que Diego não amava a prometida. O desfecho de Alfredo também ficou vago, acredito que tinha potencial para permanecer até os momentos finais da história. Tirando tais detalhes, vale muito a pena assistir e re-assistir, se for o caso, pois as cenas contam com uma fotografia magnífica e as atuações nos cativam, revelando facetas únicas das personagens por intermédio dos atores.
XOXO
Fontes das imagens
https://www.adorocinema.com/noticias/series/noticia-159718/
https://observatoriodocinema.uol.com.br/series-e-tv/2021/07/a-cozinheira-de-castamar-o-que-esperar-da-2a-temporada-e-quando-estreia
https://temalguemassistindo.com.br/a-cozinheira-de-castamar-bomba-e-e-uma-das-series-mais-assistidas-da-netflix-atualmente/
https://sobresagas.com.br/a-cozinheira-de-castamar-netflix-final-alternativo/
Muito bom! ⭐❄❄❄❄
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