Economia e sociedade: a urgência de um novo equilíbrio (2025)

 By Cathy Scarlet




Ao analisar o panorama da economia brasileira, percebe-se a subutilização de fatores de produção que limita o desenvolvimento e o bem-estar coletivo, especialmente das camadas mais humildes. Entre os potenciais produtivos negligenciados destacam-se a força de trabalho, a base tecnológica, os recursos naturais e a capacidade produtiva instalada. O desemprego e o subemprego impedem que a população economicamente ativa contribua plenamente para o crescimento. Da mesma forma, a falta de investimentos em ciência, tecnologia e inovação reduz a competitividade do país e restringe a transformação de conhecimento em produtividade.

Recolocar o ser humano no centro da economia é essencial para que o trabalho volte a ser fonte de dignidade e não mero instrumento de acumulação de capital. Isso exige políticas de redistribuição da riqueza, valorização do trabalho socialmente indispensável e democratização da economia — com maior participação dos trabalhadores, fortalecimento de iniciativas locais e solidárias, e educação crítica que acompanhe as transformações tecnológicas.

Dowbor alerta que o modelo econômico dominante é concentrador e especulativo: o capital produz mais capital sem gerar valor social. Essa lógica transforma o trabalho em custo e desvia o investimento produtivo para o rentismo financeiro, desperdiçando potencial humano e natural. O mesmo ocorre no campo, onde vastas áreas agrícolas permanecem ociosas ou destinadas à monocultura exportadora, enquanto cresce a desigualdade e a insegurança alimentar.

Além disso, a financeirização global e as privatizações descontroladas ampliam a exclusão. Serviços públicos essenciais tornam-se caros e ineficientes, e o Estado perde capacidade de planejar o desenvolvimento. O capital, ao ser direcionado à especulação, drena recursos que poderiam fomentar inovação, emprego e sustentabilidade. Assim, fatores fundamentais — terra, trabalho e capital — permanecem subutilizados, perpetuando a estagnação e a concentração de renda.

Recuperar a função social da economia, como propõe Dowbor, exige planejamento racional e democrático do uso dos recursos. O Estado deve retomar seu papel indutor do desenvolvimento, promover políticas públicas que estimulem empregos dignos, inovação tecnológica e uso sustentável dos recursos naturais. Caminhos alternativos, como a economia solidária, o cooperativismo, as finanças éticas e a renda básica, mostram que é possível conciliar lucro e vida, eficiência e justiça social.

Portanto, a plena utilização do potencial produtivo nacional é condição indispensável para reverter o quadro de desigualdade e construir uma economia a serviço da sociedade. Planejar de forma integrada e inclusiva é o passo decisivo para gerar riqueza com equidade, regenerar o meio ambiente e garantir bem-estar coletivo.

 

 


XOXO





Referências

DOWBOR, Ladislau. A era do capital improdutivo. São Paulo: Autonomia Literária, 2017.


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