Che: Uma vida revolucionária - Jon Lee Anderson e José Hernández (2018)

 By Cathy Scarlet




Livro: Che: Uma Vida Revolucionária (Che: A Revolutionary Life) 
Autor: Jon Lee Anderson
Ilustrador: José Hernández
Ano de Lançamento: 2018
Gênero: Graphic Novel, Biografia
Editora: Quadrinhos na Cia.

Nota: 10


Para finalizar o ano de 2023, após concluída mais uma leitura, trago a resenha dessa graphic novel que comprei aleatoriamente. Sempre fascinada por algumas figuras históricas, me vi intrigada para saber mais a respeito desse revolucionário polêmico cuja trajetória ainda gera controvérsias e discussões. Porém, como não sou muito fã de biografias, achei a ideia de uma feita no formato em quadrinhos mais do meu estilo. 


Primeiramente, vamos conhecer o autor e o idealizador desse projeto audacioso. Começo pelo autor da obra em prosa de mesmo nome, publicada em 1997: Jon Lee Anderson. Nascido em 1957, esse repórter investigativo e correspondente de guerra pelo The New Yorker foi o responsável pela descoberta dos restos mortais de Che Guevara, posteriormente enviados para Cuba. Tornou-se um autor dedicado a desbravar a história de figuras políticas, tendo começado sua carreira em 1979.


Jon Lee Anderson, autor da obra original em prosa, de 1997

Apostando alto, embarcou na ideia da graphic novel junto do ilustrador e caricaturista mexicano José Hernández. Nascido em 1965, dedica-se desde 1994 a caricatura política, utilizando um estilo realista e expressivo do qual não abdicou nessa brilhante adaptação literária. Já colaborou para revistas como Mira, El Chahuistle, El Chamuco e Milenio Semanal.


José Hernández, adaptador e ilustrador da obra


A obra é dividida em três partes, como a original de 1997 (na original, os livros 1 e 2 invertiam-se):

  • Livro 1: O Dr. Guevara - após se formar em Medicina, o argentino Ernesto Guevara começa seus primeiros passos como revolucionário. Conhece Fidel Castro e outras figuras que o movem ao combate pelo povo, mesmo como um estrangeiro. Seus ideais o fazem sacrificar o convívio com os pais, os irmãos e com  a filha pequena Hilda, fruto de seu relacionamento com Hilda Gadea.
  • Livro 2: Cuba - Ernesto junta-se a Castro na luta pela liberdade do povo cubano do ditador Batista. Acaba por conhecer sua segunda esposa, Aleida March. Com ela, tem mais quatro filhos: Aleida, Camilo, Célia e Ernesto. A URSS une-se a Cuba apenas para adquirir vantagem nas negociações com os EUA, mas abre caminho para diálogo com outros líderes com os mesmos ideais de Fidel e Guevara.
  • Livro 3: O sacrifício necessário - Após dar-se conta do sucesso na empreitada em Cuba, Guevara decide expandir sua guerrilha revolucionária para outros países subdesenvolvidos sob controle imperialista. Disfarçado, vai para outros territórios. Contudo, acaba se deparando com um cenário com o qual não contava de insubordinação, medo, traição e morte. Fracassa nas duas missões estrangeiras nas quais se aventura, sendo que a última acaba sendo o momento em que é capturado. Mesmo com a tentativa de Félix Rodrigues, enviado dos EUA, acaba tendo sua execução mandada pelo presidente da Bolívia, Barrientos.

Marcado por cenas emocionantes traduzidas ora em linguagem verbal ora em lindas ilustrações, o livro nos cativa pelos flashes de momentos importantes da luta e da vida de Che Guevara. Este acabou se revelando a lenda que o universalizou e o tornou temido e amado. 

Deixando de lado as controvérsias, admito que seu instinto de luta pelos povos subjulgados e subdesenvolvidos me fez entender quão abnegada uma pessoa pode se tornar por sua sede de ver um mundo mais justo, onde a pobreza não se torne um estigma intransponível. Ao sacrificar aquilo pelo qual um homem comum se prende e se justifica sem intenção nem sincera devoção, Ernesto "Che" Guevara mostrou seu descontentamento naquele mundo trivial e hipócrita, demonstrando que a luta pelos direitos de todos é um dever que não se acaba com uma simples vitória. A verdadeira serenidade jaz na satisfação que atinge o mais pobre e necessitado daqui e de lá, o subjulgado e injustiçado da nossa pátria e de todas as pátrias ao redor do mundo. Enquanto hoje vemos líderes engendrando guerras por dinheiro, poder, orgulho e glórias infinitas, havemos de lembrar que houve um homem que lutou pela liberdade.

Que 2024 seja um ano em que todos os povos e nações caminhem com a liberdade que lhes é de direito. E que as lutas verdadeiras nunca cessem. Que sejam sem violência e sem empunhar armas. Que nossas maiores armas sejam o diálogo e a empatia, necessários para que todos tenham seus direitos preservados, respeitados e que o mundo preze pela paz e união.









XOXO







REFEÊNCIAS

https://piaui.folha.uol.com.br/materia/oficina-de-reportagem-com-jon-lee-anderson/

https://www.abc.es/cultura/cultural/abci-jose-hernandez-mejor-ilustrador-logra-hacer-mejor-lectura-visual-ideas-201803160824_noticia.html?ref=https%3A%2F%2Fwww.abc.es%2Fcultura%2Fcultural%2Fabci-jose-hernandez-mejor-ilustrador-logra-hacer-mejor-lectura-visual-ideas-201803160824_noticia.html



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