Pollyana - Eleanor H. Porter (1913)

By Cathy Scarlet

FICHA TÉCNICA:

Livro: Pollyana

Autora: Eleanor H. Porter

País: Estados Unidos

Ano de lançamento: 1913

Gênero: romance infanto-juvenil

Nota: 9

Após alguns (bons) anos sem ler nada infanto-juvenil ou romances mais soft (suaves), resolvi escolher este, talvez por conta da novela que esteja passando, baseada na obra datada do começo do século XX, inicialmente publicada em capítulos de jornal, no ano de 1912 e, posteriormente, transformada em livro. Sua autora, Eleanor H. Porter (1868-1920), nascida em New Hampshire,  Estados Unidos, embora tenha outros escritos, ganhou reconhecimento por Pollyana e sua continuação; com o tempo a história da garotinha de sardas e visão otimista da vida ganhou adaptações variadas.

A narrativa centra-se na figura da menina loira de sardas chamada Pollyana Whittier, que perdera a mãe ainda nova e, recém-órfã também de pai, um pastor do Oeste vai morar com sua parente viva, irmã mais nova de sua mãe e sobrinha de Miss Polly Harrington, uma mulher amarga e circunspecta de quarenta anos, que aceita recebê-la em sua casa por "dever". Nancy, a empregada da casa, teme pelo destino da pobre criança, antes mesmo de conhecê-la. Ao chegar no novo lar, Pollyana começa, aos poucos, a gerar mudanças no comportamento da tia, fazendo-a desprender-se do comodismo e da sobriedade na qual vivera durante tantos anos. Porém, não é apenas a vida da tia que a menina afeta: todos na cidade são contagiados pelo seu otimismo e prazer pela vida e, principalmente, pelo Jogo do Contente, no qual as pessoas procuram sempre motivos para se sentirem contentes mesmo diante de momentos ruins ou das adversidades. 

Em diversos momentos, o jogo aprendido com o pai modifica a vida de todos ao redor de garotinha. E, mesmo não podendo jogar com a tia, com quem não podia falar sobre o pai, por causa da raiva dela por ele ter ido embora levando consigo sua irmã querida, ressentindo-a pelo afastamento de ambas, a menina incita outras pessoas a participar. A primeira é a própria Nancy, compelida a participar da brincadeira por não querer deixar Pollyana solitária. Depois, vem a Senhora Snow, uma mulher amargurada por ter de ficar entrevada a uma cama. Emocionada, começa a perceber o lado bom da vida, mesmo em sua condição. Em seguida, vem John Pendleton, homem de uns cinquenta anos, cabelos grisalhos, ranzinza e sovina. Acaba por conhecer seu médico, o doutor Thomas Chilton, que se afeiçoa quase que imediatamente por ela. Aos poucos, a criança vai conquistando a confiança e a admiração do homem solitário, que deseja torná-la sua herdeira, adotando-a. Pollyana, no entanto, não deseja abandonar a tia, por quem sente imensa afeição. 

No transcorrer da história, nos vemos diante de fatos passados que a menina ajuda a solucionar com sua intromissão inocente e com seu discurso aparentemente ingênuo, mas que acaba atingindo os sentimentos mais intensos e profundos de quem a cerca. É justamente assim que Pollyana, mesmo após sofrer um acidente que a deixa sem o movimento das pernas, consegue um lar para o amigo, também órfão, Jimmy Bean; como também é dessa forma que consegue amolecer o coração da tia, fazendo-a se abrir, novamente, ao amor do passado, abandonado, mas não esquecido. Na cama, a menina se dá conta de como seu jogo e sua personalidade cativante não foram em vão: todos se mobilizam para fazê-la saber como influenciou suas vidas e modificou-as positivamente. E, para a sobrinha de Polly, todas essas pessoas a faziam contente pelo fato de estarem contentes.

Quando chegamos ao final da história, até mesmo antes, para ser sincera, não há como não se deixar cativar pelo espírito vivaz da garota pobre, privada, até mesmo, de um brinquedo ou coisas bonitas, órfã, também rejeitada, no início, pela irmã de sua mãe, porém capaz de arrancar um sorriso com sua personalidade otimista, incapaz de aceitar o lado ruim da vida de braços cruzados, lutando pelo bem daqueles ao seu redor. Pollyana, com toda sua simplicidade, nos cativa, mostrando quanto nossas atitudes influenciam os demais, como nossas palavras causam um impacto latente no emocional das pessoas. Basta lançarmos um olhar para Miss Polly, John Pendlenton e Senhora Snow, do começo ao fim da trama, para compreendermos o quanto o "contentar-se" com a vida nos transforma de dentro para fora, embelezando a nossa realidade. Ver o lado bom é mostrar-se maduro diante daquilo que não podemos mudar ou ante circunstâncias que não são do nosso agrado, buscando, com isso, um aprendizado para a vida toda. 

A vida pode não ser bela sempre, entretanto nossas atitudes diante dela determinam nosso aprendizado e evolução. E, o ser humano está em constante evolução, mesmo não se dando conta disso. E, nessa obra sutil e tocante, nos colocamos na posição de diversas personagens, em momentos diferentes, para nos darmos conta da grandiosidade obtida em simples atos de amor ao próximo e de altruísmo. Pollyana é um exemplo a ser seguido. Quem dera houvesse mais Pollyanas por aí...

XOXO