Abençoe-me, Última: a feiticeira (2013) - Filme

 


FICHA TÉCNICA:

Filme: Abençoe-me, Última: a feiticeira (Bless me, Ultima)
Diretor: Carl Franklin
Ano: 2013
Duração: 106 minutos
País: Estados Unidos
Gênero: Drama

Nota: 10


Após um tempo em hiatus, retorno para falar um pouco a respeito de um filme que assisti recentemente, merecedor de destaque e atenção especiais.


Adaptado do romance publicado em 1972 de mesmo nome, do escritor americano nascido no Novo México, Rudolf Anaya (1937-2020),  o filme Abençoe-me, Última: a feiticeira foca no personagem do menino mexicano (chicano) Antonio Luna Marez e sua relação com Última, e como esta começa a fazê-lo compreender os costumes de seu povo, que intercalam  fé Católica e o misticismo presentes naquele universo.


Escritor Rudolfo Anaya


A história começa quando a família de Gabriel e Maria (pais de Antonio) hospedam em sua casa Última, uma curandeira (cuja proteção vital adivinha de uma coruja, enfatizando a sabedoria de sua portadora), vista como bruxa pela humilde comunidade. Embora usem os serviços da velha senhora na necessidade, as pessoas a olham com desconfiança (e medo), nutrindo extremo preconceito por sua figura quando não mais precisam. A mulher acaba nutrindo afeto pelo garoto e o toma como uma espécie de pupilo, a quem ensina o trato com as plantas e, até mesmo, em algumas situações, no lidar com as pessoas e suas maldades. 


Antonio e sua família (uma parte dela)



Última, Antonio e tio Pedro


Em certo momento da trama, um dos irmãos de Maria, Pedro, vai ter com ela e revela que Lucas, outro tio da criança, está morrendo por causa de uma maldição lançada pelas três filhas de Tenório, homem de renome e dinheiro que se considera acima do bem e do mal e ameaça Última de morte por se meter com as bruxas da família, sendo tudo testemunhado pelo garoto, a quem ela chamara para acompanhá-lo na viagem para salvar a vida do tio. Após a morte de uma delas, o homem sai em busca da cabeça da curandeira e mobiliza outros da comunidade a se juntarem a ele nessa façanha, alegando que a velha é quem é a bruxa do vilarejo. Mesmo provando (será?) o contrário, com a ajuda do pai de Antonio e Narciso, o homem não se dá por satisfeito e arma arapucas para dar cabo dela. No processo desse conflito e lidando com situações relativas a sua fé, o bem e o mal, inferno e julgamento social, o menino começa a dar-se conta de que cada situação tem um peso e merece um olhar (e tratamento) adequado, dando-se conta de que mesmo seus amigos e família possuem caracteríscas e engendram ações que não os tornam maus, mas, sim, seres de naturezas profundas e sutilezas ocultas. Contudo, a maldade acaba por atingir até mesmo quem não tem culpa das mazelas do mundo e dos revezes do destino.


Tenório subindo o morro para enterrar sua filha mais velha, sob os olhares dos moradores, Última e do menino Antonio


É um filme de uma sensibilidade cativante e personagens complexos, a quem analisamos atentamente mediante a narrativa ingênua (será?) da criança que, ao se deixar cativar por uma simples (porém sábia e sagaz) curandeira, começa a entender um pouco da sua relação dentro daquele universo multifacetado, valorizando os ensinamentos indígenas sem desprezar a fé cristã, que norteia suas ações e assume uma dimensão ainda mais valiosa no contexto ao qual somos apresentados. Ainda vale destacar a rica atuação da saudosa atriz Míriam Cólon (1936-2017), no papel de Última. É um achado e tanto da Netflix (disponível apenas até 31 de março na plataforma) que enriquece seus telespectadores com uma produção tocante e sensível.









    XOXO






REFERÊNCIAS DA IMAGENS

https://en.wikipedia.org/wiki/Rudolfo_Anaya

https://www.imdb.com/title/tt1390398/

https://www.rogerebert.com/reviews/bless-me-ultima-2012

https://playwritingworld.wordpress.com/2013/02/20/bless-me-ultima-hey-hollywood-ultimas-ready-to-move-in-and-so-are-we/

https://www.moviemeter.nl/film/92639

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